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✦ Samhain ou A Noite da Boa Morte

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out 31, 2020

Ana David

✦ Samhain ou A Noite da Boa Morte

Samhain (pronuncia-se “sow-in”) significa “o fim do verão”.
Os antigos celtas dividiam o ano em duas metades – verão e inverno, estação fria e estação quente. No início do inverno, os grãos, os frutos, os vegetais estão colhidos e armazenados, o chão torna-se cada vez mais negro, o processo de decomposição e transmutação de folhas, galhos, frutos caídos vão torná-lo um húmus fértil para que no calor do seu interior as sementes possam iniciar o seu processo de incubação e, em Imbolc, possam começar a germinar. Este é assim, o tempo da Deusa Anciã, da Deusa Negra que traz a morte, a transformação, a sabedoria e o renascimento, da Deusa que nos convida à libertação de tudo aquilo que é supérfluo nas nossas vidas, de tudo o que já não nos serve, que está a mais – emoções, pensamentos, ressentimentos, assuntos não resolvidos, apegos limitadores, hábitos nocivos. É o momento de olhar de frente a sombra, assumi-la e deixar morrer o que tem de morrer, honrando e celebrando esse processo de morte.

Este é também o momento do ano em que o véu entre mundos se estreita e se abre e, para aqueles que estiverem preparados, é possível contactar com os espíritos dos ancestrais que já partiram e que são vistos como espíritos guias e conselheiros, e não como fonte de medo. Os mortos são assim honrados e celebrados como espíritos vivos de entes queridos e guardiães da sabedoria da tribo.

Os antigos celtas festejavam este Sabbat entre 31 de Outubro e 2 de Novembro do calendário atual e Samhain era um momento de ausência de tempo em que, contrapondo à organização existente o resto do ano, tudo era permitido, as regras eram abolidas e o caos podia reinar – homens vestiam-se de mulheres, mulheres vestiam-se de homens, os portões das quintas eram derrubados e trocavam-se os cavalos dos respetivos donos.
Os celtas não acreditavam em demónios, mas as fadas eram muitas vezes temidas por serem consideradas hostis. Deambulavam pela terra nesta noite, perturbando as pessoas e assustando os animais. Para as manter à distância eram feitas lanternas de abóboras e nabos que eram mantidas acesas toda a noite ou, na tentativa de as apaziguar, as pessoas deixavam oferendas (comida e leite) à porta das casas. Quem andava pela rua tinha o hábito de roubar ou exigir estas oferendas, podendo esta ser uma das origens dos “trick or treat” nos países anglo-saxónicos.

A Roda gira, chegou o Fim e o Recomeço, adentremos na Noite Escura!

 

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