No mito clássico, Medusa era um monstro temido que transformava em pedra os homens que olhassem para ela.
Numa das versões do mito, terá sido seduzida ou violada por Poseidon, perseguida por muitos e decapitada por Perseu, que entregou a sua cabeça a Atena.

Mas, na verdade, Medusa era uma deusa-serpente, mãe de todos os deuses, que representava a sabedoria feminina, encarnando o aspecto destruidor da deusa tríplice. Ela é o passado, o presente e o futuro.
No mundo antigo, um rosto feminino com cabelo em forma de serpente era um reconhecido símbolo da sabedoria feminina divina e também do sangue sábio e sagrado – o sangue menstrual e os seus segredos. Esta combinação mística de mulher e serpente temida pelos homens por não a compreenderem – pois os mistérios do sangue estão velados ao mundo masculino – foi então diabolizada em muitas tradições mitológicas.
Ela é assim um símbolo do feminino autêntico que não pode ser domesticado, que contraria o patriarcado e se defende dos seus predadores.

Na imagem da direita, em que Medusa segura a cabeça decapitada de Perseu, o artista Luciano Garbati ilustra isto mesmo.
À esquerda, Medusa por Bernini (séc. XVII).

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