Em tempos primordiais, o sangue menstrual era visto como algo sagrado e misterioso, pois era a representação da própria criação, o fluido da vida. Era através da observação do ciclo menstrual e da sua relação com as fases da lua que se fazia a contagem do tempo e a sintonia entre o ciclo menstrual e o ciclo lunar mostrava o vínculo que existia entre a mulher e a Terra.
O sangue menstrual é o símbolo mais antigo e sagrado do ciclo vida/morte/renascimento e cada mês a mulher tem a possibilidade de mudar de pele, de se purificar, curar e de renovar o seu poder.Contudo, as práticas femininas ligadas à menstruação, que ajudavam as mulheres a gerir as suas energias criativas, foram brutalmente reprimidas pela sociedade patriarcal, que via o poder do sangue menstrual como uma ameaça. A menstruação deixou então de ser vista como sagrada, passando a ser vista como algo sujo, pecaminoso e contaminante para tudo o que com ela entrasse em contacto, nomeadamente os homens, os seus bens e animais de criação.
Ainda nos dias de hoje, a menstruação é vista como uma desvantagem que torna as mulheres instáveis, pouco racionais e demasiado emotivas e, em alguns lugares do mundo, as mulheres ainda são afastadas da vida quotidiana e religiosa durante os dias em que estão menstruadas.

Com toda a repressão de que foram alvo, muitas mulheres tiveram uma experiência negativa e até traumática com a sua primeira menstruação, ausente de ritos de passagem, e cresceram a odiar menstruar, a ter nojo do seu próprio sangue, a odiarem-se a si mesmas por se sentirem deprimidas, irritadas em certas alturas do mês ou simplesmente a olharem para o sangue de forma indiferente, sendo apenas algo com que têm que lidar todos os meses. E muitas, por não compreenderem a sua magia e poder, passaram este ódio da menstruação às suas filhas, de forma direta ou indireta, perpetuando assim um ciclo de desempoderamento, frustração e negação de si próprias.
Qualquer problema associado à menstruação é combatido apenas nos seus sintomas, passando muitas vezes pela repressão do ciclo e ausência de menstruação.

As mulheres que menstruam têm uma natureza cíclica, mas é muitas vezes difícil as mulheres terem perceção dessa ciclicidade, porque vivem numa sociedade linear de orientação masculina. E para sobreviverem nesse mundo tentaram limitar ou controlar as diferentes energias do ciclo menstrual, que se podem tornar muito destrutivas quando são bloqueadas ou restringidas, pois a energia precisa fluir e as mulheres precisam fazer uso dela nas suas vidas. É a luta contra esse fluxo que traz depressão, sofrimento, dor, raiva, agressividade, instabilidade, porque a mulher está a combater a sua própria natureza.
É por isto que é tão importante que a mulher moderna possa resgatar esse conhecimento antigo, acordar a sua intuição e sabedoria, relembrar-se do poder do seu sangue, que ele contém em si sabedoria ancestral e poder de cura para que a mulher possa viver de forma mais harmoniosa, feliz e plena.

🩸E tu, como te relacionas com o teu sangue?