Ainda a propósito do Solstício e da celebração do Sol, nas tradições europeias, o Sol é habitualmente tido como elemento masculino e a Lua como feminina, trazendo a mensagem que a luz “dele” é mais forte e que o brilho “dela” apenas reflete a glória do Sol, uma mensagem que é um símbolo claro da posição das mulheres na sociedade patriarcal.
Contudo, nas sociedades pré-cristãs e no oriente, o Sol era frequentemente uma divindade feminina.
No Japão, as famílias reias consideravam descender da deusa solar Amaterasu, deusa da luz. No mundo árabe pré-islâmico, o Sol era a Grande Mãe – Atthar ou Al-Ilat. No Mahanirvanatantra, o Sol era considerado o manto da Grande Deusa.
No dia do solstício, nos países bálticos, celebrava-se Saule, a “Senhora Solar”, a “Noiva Brilhante do Céu”, responsável pela manutenção da vida na Terra, regente do ciclo da vida, desde o nascimento à morte. Chorava lágrimas de âmbar e era associada a símbolos como o tear, o fuso, colares mágicos, danças circulares e labirintos, regia a vida e a procriação, os ciclos naturais, integrando luz e sombra, vida e morte.
Sunna ou Sól, a deusa solar escandinava padroeira da cura e da magia, representava a fonte criadora da vida. Ela ficava sentada nas pedras a fiar fios de luz numa roca de ouro uma hora antes de o sol nascer e protegia a terra de demasiado calor com o seu escudo mágico.
Para os celtas, Sulis, o olho do sol, regente das águas termais e curativas, cujo altar e fonte estavam situados na cidade de Bath, na Inglaterra. Posteriormente este local foi transformado pelos romanos em termas e Sulis foi identificada por estes como Minerva, tendo essa estação de águas termais passado a ser conhecida como Sulis Minerva.
Muitos dos antigos festivais pagãos que envolviam fogueiras, tochas e velas e outro tipo de luz eram originalmente dedicados à Deusa enquanto Sol ou à deusa enquanto regente do Sol e dos seus ciclos.
Na dança anual do Sol dos índios norte-americanos, a tribo Pawnee honrava Shakuru, filha da Lua e deusa do Sol, cujo filho se tornou o primeiro homem na terra, tornando-a assim, a Mãe da humanidade.
Talvez possamos olhar para esta abordagem como a presença de forças femininas e masculinas na natureza que, tal como dentro de nós, cumprem funções importantes e que devem estar equilibradas e integradas e não dissociadas, opostas ou hierarquizadas.
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